domingo, 4 de julho de 2010

o grande show

Sabado de cerveja e vinho tinto seco que minha mãe deixou pra ele. Os lábios tingidos ansiosos. A lingua purpura. Vou te contar um segredo. Ébria, coloquei a mão no seu ombro enquanto esperavamos a próxima musica. Tem esse loirinho do cabelo meio compridinho, a gente sempre acaba se esbarrando pelas salas cinzas. Ele me olha com uma cara, aquela cara de quem quer muito uma coisa, aquela cara sofrida de desejo, entende? Acho que ele gosta de mim. Tem um nariz lindo de morrer. Isso me deixa excitada, Juro. Mas essa noite eu quero um de chapéu, é, essa é minha resolução. Gente de chapéu parece ser mais interessante, uma coisa assim meio literária, uma coisa assim meio de antigamente. Eu gosto de garotos inteligentes com seus óculos densos escrevendo longos contos. Isso me deixa excitada. Jurei.Ele acreditou em mim, disse que Cecília, hoje nós te arrumamos alguém, porque me padece muito te ver amuada com seus livrinhos suspirando pelos cantos. Agradeci. Agora me padece muito lembrar da cena em que eu despia seu chapéu ébano entrelaçando meus dedos pelos grossos cabelos negros. A pele alvíssima somando-se a minha. Ele sorriu para mim enquanto também esperava. Juro.

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