domingo, 14 de fevereiro de 2010

garota ao palco

Aquela não passava de uma dessas noites ordinárias de sabádo ,e a chuva já pesava sofrega sobre expectativas passiveis a serem dilaceradas. O tipo de atmosfera úmida e abafada propicia ao mal estar, não lavava nem escondia, só deixavam corpos e animos amolecidos.
Quando o relógio indiciou cerca de 15 para as 22, uma garota foi deixada a porta do bar. No convite, o carimbo das 22 marcara em relevo a parte de trás do papel. Ela segurou-o penosamente. Não havia uma alma viva, mas esperou silenciosamente enquanto a chuva escorria sobre sua pele alva. Abriram a porta e a deixaram estar.
Não pediu uma bebida, não acendeu um cigarro, não colocou-se a falar. Caminhou para a frente do palco e esperou o show, a postura incomoda, as mãos atadas, a expressão em branco, o cabelo molhado fazendo coçar a cara.
Quando a musica começou, a garota não pode fazer nada além de fechar os olhos. E sentir.E pular. E dançar como se estivesse no seu próprio mundo, movimentando-se de maneira incoerente ao ritmo ou a suspeita da presença alheia. Seus membros se contorciam e sua cabeça girava ao ponto de partir o pescoço.
O som intensificava-se e a garota agora gritava e gania segurando o próprio corpo desgovernado. Alguém colocou a mão em seu ombro em uma tola tentativa, mas parecia perdida dentro daquele transe. Os olhos giravam brancos em suas órbitas e o cabelo pesado feria a própria pele.
Quando a coisa realmente desandou, a garota começou a exalar um odor hediondo e fluídos começaram a deixar sua carne, e por todo o lugar, espalharam-se devido sua agitação desenfreada. Quando conseguiram conte-la, embestiava uma força digna de possessão, a qual somente abandonou seu corpo quando a musica cessou, forçando-a expelir uma espuma esverdeada durante alguns minutos.
Quando os braços a libertaram, desfaleceu silenciosamente pelo chão, embebida pela chuva.

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