Quando eu beirava meus quinze anos, talvez antes disso até, fiquei até de madrugada acesa para conseguir ver um filme curioso de 1994. É, admito que o motivo daquela coisa toda de me empenhar ao máximo para não fechar os olhos, ou ligar a tv bem silenciosamente para a Dona Mãe não aparecer sorrateiramente no meu quarto, pode ter sido o simples fato que o protagonista era muito bonito, sabe? Uma dessas coisas lindas de se ver. Alto, jovem, rebelde, ah! Rebeldia para mim sempre foi muito importante, essa coisa de ir contra o sistema, de fugir de casa, de aprontar alguma loucura, de fazer algo incrível por alguém, e nessa idade, cá entre nós a gente realmente é movido pelo superficial, pelo óbvio, não é? Em momento algum quis dizer que isso acabe dentro da gente no futuro, mas torna-se menos freqüente para algumas pessoas, ou assim eu pelo menos espero.
Era sobre um cara e uma garota que no fundo estavam apaixonados. E moravam juntos. Note que ao dizer no fundo, quero dizer que eles só ficam juntos no final, ou no quase fim e depois se separam e ficam juntos. Quero dizer que quando eles finalmente se enlaçam sob os lençóis, ele vai embora e a deixa sozinha, dizendo que decerto ele devia ter mais o que fazer. Como Kerouac disse outro dia desses "Os homens são tão malucos, querem a essência, a mulher é a essência, lá está ela bem na mão deles mas eles saem correndo construindo grandes estruturas abstratas.(...)em vez disso eles saem por aí correndo e ficam achando que a mulher é um premio e não um ser humano."
Naquela época, eu realmente era desprovida de todo e qualquer conhecimento dessas relações mais complexas, ou em outras palavras eu era assexuada (por mais um bom tempo), e aquela coisa toda me assustou/emocionou/abalou/traumatizou/não sei deveras. Aquela coisa de "meu bem, veja bem, foi só uma noite sei lá". Mas não era. Pra alguém nunca é, e já ouvia a mãe muito sábia e profética dizendo que um sempre sairia chorando no final da brincadeira.
Mas o que me espanta é lembrar dele assim segurando minha cintura enquanto eu assustada/emocionada/tremula/sem reação, me esforçava ao máximo para não fazer nenhum ruído estranho que o acordasse. Queria permanecer assim, a camisola de seda vermelha com seus braços ao redor, para sempre. E agora quando penso sobre o filme, me parece tão igual, a mesma coisa. A menina que ficou chorando no final da brincadeira e o cara que simplesmente foi embora porque afinal aquilo tudo foi tão esquisito e sei lá. E sabe-se lá. E agora quando me lembro do filme, concordo que naquela época nunca me passaria na cabeça que um dia aconteceria a mesma coisa comigo tanto tanto tempo depois.
E agora refletindo sobre o filme, e analisando seu título, penso que realmente tenha sido uma escolha um tanto incoerente, já que tinha um final feliz.
domingo, 14 de março de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário